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Certificação de vinhos veganos – Entrevista com a Winetourism
De facto o vinho é proveniente das uvas, mas o que faz um vinho ser vegan? O nosso especialista na certificação de vinhos veganos explica.

Com a crescente tendência do consumo de produtos veganos e vegetarianos, os critérios de transparência dos consumidores têm-se revelado mais exigentes. Atualmente, o poder de influência dos consumidores é cada vez mais forte, sendo que são mais interessados em saber os ingredientes dos produtos e o processo de produção. Nos últimos anos, tem-se observado um aumento do número de empresas vinícolas interessadas em obter a certificação vegana para os seus vinhos. Mas na verdade, o que torna um vinho vegano?

O que é um Vinho vegano?

Muitas pessoas podem presumir que todos os vinhos são naturalmente aptos para veganos, dado serem produzidos com base em fruta (i.e. a uva), no entanto, durante o processo de produção podem ser utilizadas substâncias provenientes de animais. De facto, na filtragem do sumo da uva de vinhos é comum serem utilizados produtos de origem animal, como por exemplo, claras de ovos, gelatina ou caseína.

Entrevista a Ivo Araújo, Especialista de Certificação na V-Label Portugal

Por que é que as empresas vinícolas deveriam seguir os princípios que orientam a certificação V-Label/EVU?

Sem dúvida, de modo a poderem responder, de forma concreta, à crescente procura por parte de segmentos demográficos em clara expansão. Isto é: veganos, vegetarianos, assim como de qualquer outra pessoa que procure alternativas que se alinham com a atual tendência — e com a genuína preocupação — de entender a verdadeira origem dos ingredientes (e tratamentos) utilizados nos produtos que consome — tendência essa que tem provado ser uma prioridade para os consumidores de hoje em dia.

O que é que as pessoas deveriam saber sobre a produção de vinhos veganos?

De uma forma geral, o processo de produção de vinhos considerados como veganos não é muito diferente da produção, não vegana — dita, convencional. No entanto, existem algumas diferenças cruciais entre as duas, nomeadamente, o facto de que produtos enológicos de origem animal não poderem ser utilizados na produção vegana — o mesmo não acontece  necessariamente na produção convencional.

Do ponto de vista de um enólogo, mesmo que as diferenças na produção de vinhos veganos possam parecer surpreendentes à primeira vista — sobretudo, considerando que os mesmos métodos produtivos e respetivos produtos enológicos já são usados ​​há diversas gerações —, hoje em dia, já existem disponíveis no mercado empresarial inúmeros produtos enológicos veganos (isto é, alternativas não derivadas de animais) que são verdadeiros análogos às versões não veganas.
Os produtos enológicos compatíveis com a categoria vegan são inclusivamente providenciados por fornecedores e representantes locais que oferecem uma vasta experiência e aconselhamento na sua seleção. Acontece igualmente que alguns dos produtos enológicos habitualmente usados na produção de vinhos são — ou, foram especialmente desenvolvidos para serem — veganos de acordo com os Critérios da V-Label.

O número de consumidores que procuram produtos veganos têm vindo a aumentar e, como refere a lei de mercado, a procura faz aumentar a oferta.
Devido à pressão criada por consumidores mais conscientes, será igualmente inevitável que os vinicultores mais atentos se adaptem à crescente procura vegana; o que, por sua vez, aumentará a necessidade de maior transparência, consistência e, sobretudo, a não dependência de produtos enológicos não veganos.

Com a sua extensa experiência e supervisão, é aqui que a V-Label entra em ação. Não é suficiente que um produtor afirme que um determinado produto é “vegan friendly”, ou “não usa produtos de origem animal” — dado que qualquer pessoa ou empresa pode fazer tais alegações, sem apresentar claras evidências que as corroboram.

Durante o processo de avaliação da V-Label, os vinicultores devem responsabilizar-se por todos os ingredientes e produtos enológicos que foram usados ​​durante o processo de produção dos seus vinhos — bem como pela forma como os produtos enológicos foram produzidos.

Assim, durante a avaliação, com a orientação e supervisão de especialistas da V-Label, os vinicultores (e, consequentemente, os produtores dos respetivos produtos enológicos) têm de provar a observância e conformidade para com os Critérios Vegan da V-Label.

De acordo com os regulamentos de rotulagem da indústria, os produtos enológicos não precisam de ser declarados — nem discriminados — na rotulagem dos vinhos. Isto significa que não há forma de o consumidor final saber, de forma concreta — simplesmente olhando para a rotulagem original —, o que realmente foi usado durante o processo de vinificação. Este facto torna-se evidentemente problemático quando não permite que se determine com facilidade se um determinado vinho é realmente vegano.

Dado que os produtos de consumo são ostensivamente inescrutáveis ​​e não transparentes, essa é uma das verdadeiras forças do selo V-Label, pois ajuda na transição, no desenvolvimento e na identificação de produtos mais confiáveis, mais transparentes e claramente rotulados como veganos.

Dito isto, os enólogos também têm de estar à altura da sua concorrência, que, por sua vez, opta cada vez mais pela certificação da V-Label: dado que esta eleva o seu nível de transparência e compromete-os com considerações mais sérias sobre o impacto global que as suas atividades de produção têm na vida e no bem-estar dos animais.

Com as pressões criadas, tanto por parte dos consumidores finais, como por entidades certificadoras como a V-Label, os produtores/distribuidores de produtos enológicos têm igualmente de se adaptar à crescente procura de alternativas veganas — sobretudo, tendo em conta que estes certamente não desejam perder os seus clientes e parceiros.

Tradicionalmente, algumas das gamas de produtos enológicos apenas estavam disponíveis nas suas versões de origem animal; no entanto, os vinicultores têm agora uma abundante escolha de matérias-primas, aditivos e auxiliares de processamento que podem ser comprovadamente compatíveis com a categoria vegana da V-Label — possibilitando assim o consumo dos seus vinhos por um número mais abrangente de pessoas.

Com esta mudança positiva na indústria, todos nós poderemos apreciar produtos devidamente certificados, que resultam da arte técnica que é a vinificação — agora, sem a dependência de animais não humanos na produção da maravilhosa bebida que é o vinho.

Enumerando 3 coisas que tornam a V-Label especial.

  1. É o selo mais conhecido para rotular produtos veganos e vegetarianos.(Gütesiegel Monitor 2020)
  2. Está entre as 10 marcas mais dinâmicas e modernas, entre marcas como TikTok e Tesla. (Havas Suíça 2021)
  3. Possui 30 parceiros de licenciamento que falam mais de 20 idiomas em todo o mundo. É uma organização com propósito e funciona como uma empresa social: todos os envolvidos com a V-Label partilham a visão de um mundo mais verde e gentil. A maior parte dos lucros da distribuição da V-Label ficam com os parceiros locais sem fins lucrativos e são usados ​​para financiar seus projetos localmente.

Atualmente, a V-Label já certificou vinhos de várias regiões de Portugal, como por exemplo da  Mainova, Casca Wines , Outeiros Altos e Reynolds Wine Growers.

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